quarta-feira, 29 de abril de 2015

Continuamos “pensando e deixando pensar”? Sobre o desligamento do rev.Moisés Coppe.

Continuamos “pensando e deixando pensar”?
Sobre o desligamento do rev.Moisés Coppe.




A Igreja Metodista acaba de perder um excelente pastor: um obreiro altamente capacitado, amoroso, dedicado e competente. Refiro-me ao Rev. Moisés Coppe, da 4ª Região Eclesiástica, que entregou suas credenciais no início deste mês de abril.


O que mais me preocupa é o motivo que levou esse conceituado pastor a pedir seu desligamento: a coragem de divergir, em um ambiente onde um determinado modelo de igreja tornou-se hegemônico e todos os que nele não se enquadram são desprezados e, caso se manifestem muito, perseguidos.


Tive o prazer de ser pastoreado por Moisés nos últimos anos e reitero o que nós membros de sua última igreja dissemos em carta aberta endereçada ao Bispo da Região: “Testemunhamos sua retidão de caráter, seu comportamento exemplar à frente da nossa igreja, seu amor incondicional a todas as suas ovelhas e sua brilhante capacidade de dirigir palavras sábias, profundas e embasadas na Sã Doutrina, seja nos aconselhamentos individuais, nas classes da Escola Dominical, nas pregações e em todas as demais oportunidades”.


Os problemas começaram, para Moisés, quando compôs a COREAM e discordava de algumas decisões e encaminhamentos. Mesmo agindo sempre de maneira respeitosa, como é sua característica, passou a ser taxado de problemático. Depois, sofreu um absurdo e injusto processo disciplinar por ter aceito receber à comunhão de nossa igreja um grupo de irmãos que estavam sem espaço em sua antiga paróquia, em Belém do Pará. Tal grupo foi vítima do mesmo processo de imposição de uma linha teológica, sendo praticamente expulsos da igreja onde congregavam por zelar pela identidade metodista, a qual tem sido tão aviltada ultimamente. Quem acolheu, quem recebeu à comunhão foi disciplinado! Já naquela época, testemunhamos o baque sofrido por nosso pastor, mas o acolhemos amorosamente e, no seio de sua comunidade de fé, ele superou a dor da injustiça e resolveu continuar como pastor metodista.


As críticas e as perseguições, no entanto, não cessaram. Por seu brilhantismo intelectual e os muitos dons que manifesta, foi indicado para exercer algumas funções em nível regional e geral, sendo seu nome sempre vetado por autoridades eclesiásticas. Essa situação chegou ao ponto de, na última juvenilia, ao vê-lo como um dos palestrantes, um bispo questionar indignado quem o teria convidado. Diante de situações como essas, o sentimento de humilhação, de injustiça, deve ter falado mais alto, levando-o a tomar a decisão que tanto nos entristeceu.


O mais preocupante é que o “caso Moisés” não se revela um fato isolado. Creio que já passou da hora da Igreja fazer uma profunda reflexão sobre esse processo de exclusão dos que pensam diferente, de imposição de um modelo hegemônico. A falta de liberdade no não essencial está quebrando a unidade no essencial e, principalmente, o amor e o respeito que deveriam marcar nossos relacionamentos.


Victor Cláudio Paradela Ferreira
(Originário da 1ª Região, foi membro das igrejas Metodistas de Copacabana e da Barra da Tijuca. Foi Presidente da Federação de Jovens e Coordenador do Ministério Regional de Ensino e Capacitação. Desde 2003 reside em Juiz de Fora – MG, congregando na Igreja Metodista em Bela Aurora, que era pastoreada pelo Rev. Moisés)

Um comentário:

Nana Camarão disse...

Sinto a falta do AMOR.
Moisés Coppe é um Amigo. É um Pastor.
Eu o abraço e oro por ele e sua família.